Autor Rio Quente
Equipe Rio Quente
Imagine o cenário: brasões reais exibidos em bandeiras, guerreiros a cavalo vestidos em sofisticados trajes coloridos, uma grande batalha medieval acontecendo em um campo aberto… e você, na plateia, assistindo a cada minuto de tudo isso. Incrível, né? Se você gostou da ideia, vai amar conhecer as cavalhadas de Goiás. Um super turismo cultural pra você pensar em fazer no próximo passeio.
Tradição centenária que até hoje encanta milhares de goianos e visitantes, a cavalhada é sempre um evento de parar a cidade. Celebrada em vários municípios do estado, ela une teatro, história, cultura, religião e muita emoção – coisas que você encontra aos montes em Goiás –.
Se você quer saber mais sobre esse festejo espetacular, vem com a gente: aqui, vamos te explicar direitinho o que é a cavalhada, como ela surgiu e por que é tão importante para a cultura goiana.
O que é cavalhada?
Realizadas em várias partes do Brasil, as cavalhadas são eventos que giram em torno de uma grande encenação teatral. Embora os detalhes variem de lugar para lugar, o espírito da coisa é sempre o mesmo: as cenas representadas revivem lutas da Idade Média, nas quais dois grupos de cavaleiros se enfrentam com lanças e espadas, em uma Guerra Santa.
Geralmente, além dos cavaleiros, outros personagens fazem parte do folguedo. Em alguns lugares, a realeza toda aparece! É comum encontrar reis, rainhas, generais, princesas e embaixadores. Eles se apresentam usando traje inteiramente azuis ou vermelhos, dependendo do império ao qual pertencem.
E não acaba por aí! As cavalhadas costumam fazer parte de festividades com programações cheias de outras atividades culturais e religiosas, como shows, missas, procissões, feiras e muito mais. As encenações acontecem por dois ou três dias, formando um roteiro de tirar o fôlego, sob os aplausos da plateia entusiasmada.
Qual a origem da cavalhada em território goiano?
Hoje em dia, as lutas das cavalhadas são coreografadas (ainda bem!). Mas a tradição existe há muito tempo e nasceu inspirada por uma guerra de verdade, que aconteceu lá no século 8.
Na época, os mouros (mulçumanos vindos da Mauritânia) vinham invadindo países europeus como Espanha e Portugal. Na França, foram combatidos pelo imperador Carlos Magno, pelo Conde de Rolando e pela guarda pessoal que o acompanhava, conhecida como os Doze Pares de França.
A briga mais famosa entre os dois exércitos é a Batalha de Roncesvalles, em que os cristãos franceses perderam para os mouros – mas, ainda assim, ficaram conhecidos por sua valentia e determinação –. Foi essa ocasião que motivou o nascimento das primeiras cavalhadas, ainda na Portugal medieval: os festejos eram uma forma de louvar os cavaleiros cristãos e, ao mesmo tempo, entreter os aristocratas.
Mas quando é que Goiás, tão distante das terras de Carlos Magno, entra nessa história?
Bem mais tarde, só no século 19. Foi quando os portugueses que viviam no estado, principalmente os jesuítas, começaram a reproduzir os folguedos europeus em terras brasileiras. Assim, as cavalhadas de Goiás nasceram e caíram no gosto do povo, se consolidando como uma das tradições mais importantes para a cultura do estado.
Quais são as tradições culturais e religiosas associadas à Cavalhada em Goiás?
Nos lugares em que é celebrada, a cavalhada sempre vem junto de outros costumes fascinantes e de vários dias de preparação.
Em algumas cidades goianas, além da histórica batalha entre mouros e cristãos, acontece também uma encenação conhecida como espetáculo das Pastorinhas. Ela é composta principalmente por personagens femininas, como a Fé e a Esperança, e o destaque vai para as 24 pastoras que formam os cordões azul e vermelho.
Enquanto as brigas não começam, há outra coisa que agita os moradores dos municípios onde ocorrem as cavalhadas: é a caótica passagem dos Mascarados. Os personagens, como o próprio nome indica, se vestem cobrindo o rosto e modificam a voz ao falar – o objetivo é que eles não sejam reconhecidos fora de sua identidade folclórica –. Eles percorrem as ruas a pé ou a cavalo, cantando, fazendo brincadeiras com a população, pedindo bebidas aos moradores e montando uma grande algazarra.
A origem dessas figuras é bem interessante e até motiva algumas reflexões legais: os Mascarados e sua zombaria irônica representam todos aqueles que nunca tiveram acesso às pomposas batalhas dos reis e embaixadores. É como se eles simbolizassem o povo, que se esforça para manter a alegria mesmo diante dos períodos tensos de guerra.
Portanto, se você pretende viajar para conhecer alguma cavalhada de Goiás, não se assuste: talvez o barulho e o movimento incomum nas ruas te acorde em algum dia de festa. É que enquanto a encenação dos cavaleiros é cheia de normas e solenidades, os Mascarados não seguem regra nenhuma. A única coisa proibida é revelar a identidade por trás das máscaras!
Como a cavalhada é celebrada em diferentes regiões de Goiás?
Embora os elementos das cavalhadas de Goiás possam variar um pouco de cidade para cidade, a encenação principal costuma ser a mesma em todos os lugares, assim como a presença dos Mascarados.
Por isso, dá para dizer que a principal diferença entre as cavalhadas celebradas no território goiano é o contexto e a data dos festejos. É que não existe um dia exato associado a esses eventos encantadores: eles acontecem em meses diferentes nas diversas partes de Goiás, no chamado Circuito das Cavalhadas.
Em sua versão mais recente, o Circuito das Cavalhadas incluiu 13 municípios goianos. Alguns, inclusive, fazem parte da lista de patrimônios culturais de Goiás: Santa Cruz de Goiás, Posse, Jaraguá, Pirenópolis, Luziânia, Palmeiras de Goiás, Hidrolina, São Francisco de Goiás, Crixás, Santa Terezinha de Goiás, Pilar, Corumbá e Cidade de Goiás. As cavalhadas são sempre celebradas entre os meses de maio e outubro, mas as datas mudam bastante de acordo com a cidade e a programação do Circuito.
Além disso, vale citar um município que tem uma tradição de cavalhadas peculiar: a cidade de Posse. Lá, ao contrário do que ocorre em outros lugares de Goiás, as encenações são feitas à noite. Elas incluem também uma etapa extra: o rapto da rainha cristã, que é sequestrada pelo rei mouro e resgatada em seguida pelo rei cristão. Assistir a tudo isso, é claro, é uma experiência sem igual!
Por que as cavalhadas de Pirenópolis são tão famosas?
As cavalhadas que mais emocionam os turistas são, sem dúvidas, as que ocorrem em Pirenópolis.
Afinal, não tem lugar no Brasil que se empolgue tanto com o evento: a cavalhada de Pirenópolis é considerada a maior do país, celebrada como parte da Festa do Divino Espírito Santo, 50 dias depois da Páscoa.
Em Pirenópolis, a preparação para a cavalhada muda o ritmo da cidade durante várias semanas antes das encenações. Os cavaleiros se reúnem para ensaiar com uma disciplina que parece realmente militar. Eles são acordados às 4h pela passagem da Banda de Couros, que desperta a cidade inteira com seus instrumentos rústicos, avisando à população que a cavalhada está chegando.
Os guerreiros desfilam pela cidade e se reúnem em uma espécie de café da manhã coletivo, fornecido como gentileza por algum dos moradores. A ocasião é chamada de “Farofa” e termina com um agradecimento ao anfitrião. Depois disso, separados em seus respectivos grupos e seguindo por caminhos diferentes – ao cavalgar pela cidade, os mouros e cristãos não podem se encontrar –, todos se encaminham para os ensaios oficiais.
Se você tiver disposição, pode despertar cedinho para garantir a oportunidade de acompanhar a reunião das tropas nas ruas de Pirenópolis. Caso o despertador não seja exatamente seu melhor amigo, não se preocupe: você ainda conseguirá aproveitar a parte mais importante do evento. É a encenação oficial, que ocorre às 13h do Domingo do Divino, no Campo das Cavalhadas.
O espetáculo é emocionante do início ao fim, com bandas folclóricas variadas, apresentações quase acrobáticas dos Mascarados e o solene momento da evocação ao Divino, em que a população fica de pé para acompanhar o Hino do Divino.
Quais são os trajes típicos usados pelos participantes da Cavalhada?
Antigamente, os trajes usados pelos guerreiros que encenavam as cavalhadas pareciam mais com indumentárias militares de verdade.
Hoje em dia, os quepes de veludo foram trocados por acessórios um pouco mais “carnavalescos”, sempre muito sofisticados e preparados com carinho, geralmente pelas mães e esposas dos cavaleiros. É tudo feito de forma artesanal, com direito a muitas lantejoulas, cetim, fitas e outros aparatos. As camisas têm modelo de túnica e as calças são de estilo bombacha.
Os uniformes dos cavaleiros seguem padrões específicos e combinam entre si, sempre com a divisão religiosa entre azul e vermelho. Os Mascarados também usam trajes cheios de detalhes, mas sem uma execução tão regrada: puxando sempre para o humor, as máscaras imitam animais como bois, onças e macacos.
E quais os estilos musicais presentes nas cavalhadas?
São vários os ritmos musicais que acompanham as cavalhadas nos diversos municípios em que elas são celebradas.
Em geral, durante o evento, as ruas são tomadas por ritmos folclóricos, que também estão presentes nos momentos das encenações. Em Pirenópolis, as batalhas são introduzidas por exibições de Congados, Catira, da Banda de Couros e da tradicional Banda de Música Phoenix. Portanto, se você deseja acompanhar a celebração, prepare-se para uma verdadeira imersão na cultura goiana!
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E aí, gostou de saber mais sobre a cavalhada?
Pois pode acreditar quando a gente diz que essa é só uma das tradições apaixonantes guardadas no estado de Goiás. E o melhor de tudo é que essa bagagem cultural imensa espera por você em meio a paisagens inesquecíveis, florestas cheias de vida, cachoeiras milenares e águas termais que já brotam quentinhas da terra. É difícil imaginar um lugar melhor para passar férias com a família, né?
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