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Homem segurando uma viola

“Trago na lembrança
Quando era criança
Morava na roça
Gostava da troça
Do monjolo d'água
Da casa de tábua…” 

Ai, ai… como é bom sentir aquele cheiro de mato espalhado no ar puro e o ritmo pacato da vida no interior! Não é à toa que tantos poetas – como Vieira e Vieirinha, donos dos versos aí de cima – cantam sobre as memórias da roça nas modas de viola.

Também chamada de “sertanejo raiz” por algumas pessoas, a moda de viola é um ritmo que embala lares e festas em várias cidades do Sudeste e do Centro-Oeste. Em alguns estados, como Goiás e Minas Gerais, o gênero é considerado parte da identidade e do turismo cultural, marcando várias gerações com suas narrativas autenticamente caipiras.

Que um modão daqueles chega a pegar na alma, você já sabe. Mas que tal aprender um pouco mais sobre como a moda de viola surgiu e espalhou suas histórias cantadas pelo Brasil? Aqui, a gente te explica tudo que você sempre quis saber sobre esse elemento tão importante para a cultura goiana.

Como surgiu a moda de viola?

Não dá para falar sobre a história da moda de viola goiana sem explicar a trajetória feita pelo instrumento que dá melodia e nome ao gênero: a viola.

Tudo indica que ela foi trazida para as terras brasileiras pelos portugueses, lá no tempo da colonização. Na época, a harmonia agradável das cordas era usada pelos padres jesuítas para facilitar os processos de catequese e transmitir os valores bíblicos.

Em Portugal, a viola  tinha uma função importante e bem distinta dos objetivos religiosos. Ela acompanhava canções também chamadas de “modas”, versos que sempre narravam histórias épicas, com direito a grandes feitos de bravura, guerreiros a cavalo e provas de amor heróicas.

O gosto pela contação de causos embalada pelo simpático instrumento acabou pegando por aqui. Mais tarde, a viola começou a viajar pelas porções central e sul do Brasil nos arreios dos bandeirantes, que percorriam os interiores em suas longas expedições.

Os temas dos versos, naturalmente, foram mudando: deixando de lado os cavaleiros de armadura, as letras das modas se adaptaram à realidade dos novos poetas e passaram a falar das emoções vividas por boiadeiros, vaqueiros, pescadores e outros moradores das áreas rurais. E ainda bem que isso aconteceu!

E como a moda de viola se popularizou no Brasil?

Na década de 1930, quando se consolidou como um gênero musical novo, a moda de viola circulava mais pelos lares e estabelecimentos do interior mesmo.

Embora fosse adorado por quem tocava e ouvia, o gênero ainda não tinha muito alcance nos ambientes urbanos. Até que surgiu o costume pelo qual a moda de viola é conhecida até hoje: o de interpretar as canções com duas vozes. Sim, como você deve ter imaginado, esse é o fator que mais para frente deu origem às famosas duplas sertanejas.

Pares como Tonico e Tinoco, autores dos sucessos Tristeza do Jeca e Chico Mineiro, começaram a crescer aceleradamente. Por causa da popularização do rádio, eles foram chegando a todos os cantos do Brasil, assim como Raul Torres e Florêncio, Dino Franco e Mouraí e Tião Carreiro e Pardinho.

No fim das contas, o sotaque caipira conquistou todo o território nacional. Dá para dizer que a moda virou moda – com o perdão do trocadilho – e até deu origem a outras variedades da música sertaneja. Tião Carreiro e Pardinho, que mencionamos ali em cima, foram até responsáveis por fornecer a música de abertura de uma novela muito famosa exibida pela TV Globo em 1996. Lembra de Rei do Gado? Pois é, esse também é o título da canção mais famosa da dupla.

Quais são os principais temas das letras de moda de viola?

Como já comentamos, uma das inspirações mais comuns para as letras das modas de viola é a vida no campo.

Mas não se engane: os versos passam longe de ser meras descrições do cotidiano na fazenda. Pelo contrário, eles frequentemente carregam uma grande complexidade emocional, musicando situações como a angústia do interiorano que é obrigado a se mudar para a capital.

Além de falar sobre questões vividas por boiadeiros, por exemplo, a moda de viola frequentemente nasce de grandes perdas. Afinal, as cordas da viola caipira também servem para transformar os lamentos em arte, abordando de forma poética o falecimento e as decepções amorosas. Um bom exemplo é a letra de Chico Mineiro, de Tonico e Tinoco, música que chora as dores de perder um amigo.

Por fim, você também encontra facilmente modas de viola que contam histórias inusitadas e até engraçadas que têm como protagonista o típico caipira (aquele que todo mundo conhece como estereótipo, que fala puxando o “R” nas palavras etc). Enfim, os temas são vários. O que não pode é deixar a viola parar!

Qual a importância da moda de viola para a cultura goiana?

Até aqui, você com certeza já percebeu que a moda de viola é adorada em muitos lugares do Brasil. Mas em Goiás, ela tem um espaço ainda mais especial.

E não é só porque os goianos adoram a sonoridade cativante da viola (que é maravilhosa mesmo, vamos combinar). Desde os primeiros estágios de sua formação, Goiás sempre foi movido pelo ritmo das colheitas: a agropecuária é, sem dúvidas, o carro-chefe da economia no estado.

Em outras palavras, as fazendas são super importantes por lá. E é natural que essa relevância acabe se traduzindo também nos elementos culturais. Afinal, essa atividade agrícola poderosa só pode existir com o trabalho de muita gente, pessoas responsáveis por cuidar das lavouras e dos animais.

A moda de viola é, de certa forma, uma forma de expressão desses trabalhadores tão indispensáveis para Goiás. É um ritmo que veio dar voz aos “caipiras” e, mais tarde, se fundiu à própria identidade cultural do estado. Por isso que o modão goiano é tão bom.

Existem festas em Goiás que são dedicadas à moda de viola?

Se você pretende passar suas férias em Goiás e quer conhecer a autêntica moda de viola, pode ir sem preocupações: a gente garante que oportunidade não falta.

É muito comum encontrar eventos que incluam o ritmo em sua programação. Na verdade, ele está presente em quase toda festa popular tradicional, ganhando um destaque diferenciado durante o São João. Portanto, se você for para alguma festa junina em Goiás, com certeza vai se deparar com a boa e velha viola caipira.

Durante o resto do ano, os shows dedicados à moda de viola são frequentes em todo o estado. Em Goiânia, por exemplo, o Teatro Goiânia frequentemente traz apresentações do gênero em sua agenda.

Mas o melhor de tudo é que o modão ganhou uma data só para ele em Goiás! Um projeto de lei aprovado em 2023 oficializou a criação do Dia Estadual da Música Raiz e da Viola Caipira, que será anualmente comemorado no dia 13 de julho. A gente mal pode esperar para ver como serão as celebrações!

No Rio Quente você encontra também aproveita as modas de viola!

De ponta a ponta de Goiás, a moda de viola é uma favorita imbatível.

A gente tem certeza de que você vai se apaixonar assim que tiver o privilégio de escutar a melodia envolvente das cordas e a força da poesia caipira. Pode fechar os olhos e aproveitar: a moda de viola é, realmente, uma das muitas coisas incríveis que Goiás tem a oferecer. E olha que a gente nem falou aqui sobre a natureza fantástica e as aventuras do turismo no cerrado!

Quer curtir toda essa riqueza cultural e biodiversidade exuberante com a melhor estrutura? Vem para o Rio Quente! Aqui, você se diverte com a família em um refúgio criado em meio à natureza preservada e mergulha de cabeça nos encantos das terras goianas. A playlist de viagem, é claro, fica por conta da viola caipira.

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